sexta-feira, 18 de julho de 2008

Gutemgerg e a Cidade Livre


Tudo começou quando Gutemberg era ainda um jovem ourives na Alemanha, no longínquo ano de 1438. De lá para cá muitas letras se combinaram a partir de tipos móveis de chumbos que esse clarividente alemão começou a ordenar.

Esse era O Amigo das Letras. Com sua descoberta, O Globo nunca mais foi o mesmo. Não seria mais preciso subir A Tribuna para dizer ao mundo o que acabava de acontecer nA Pátria, na Última Hora. Agora, tanto as Notícias da Cidade, quanto a simples Opinião dO Povo, ou A Crítica de um articulista desconhecido ou de um “Casper Libero” são dadas a conhecer a quem aprecia o resultado da junção dos tipos mágicos desse extraordinário ourives.

Depois dele, aos poucos, O Compilador Mineiro foi perdendo o seu emprego, disputadíssimo até os idos de 1820, nA Idade D´Ouro. Ofício para os mais privilegiados, não era coisa para qualquer Carcundão. Quem labutava na Lavoura & Comércio, sempre fazendo um trabalho Extra, sabe o que estou dizendo. Saber das coisas e ser O Imparcial, nA Província de São Paulo, não era para qualquer um. O Espelho Diamantino, de Pierre Plancher, refletia claramente essa dificuldade que deixava longe das letras as mulheres, tanto nO Estado de Minas, como nO Estado de São Paulo, ou mesmo nos demais Estados do Brasil.

Que o diga Violante Atalipa Ximenes de Bivar e Velasco, nO Jornal das Senhoras, (Jornal da Manhã ou Jornal da Tarde) um verdadeiro Reverbero Constitucional Fluminense, ao qual poucos davam uma Gazeta do Povo, em defesa do sagrado e indiscutível direito feminino de ler e de se informar.

Hoje, os tempos são outros, O Liberal, o conservador, O Observador Constitucional, o democrático, O Popular, homens e mulheres, podem freqüentar a Tribuna da Imprensa, sem necessidade de fazer Pasquim e correr o risco de ser taxado de Marmota Fluminense. O Correio Braziliense, o Correio Paulistano, o Correio do Povo, desde a Zero Hora, dO Dia, circulam Notícias Populares, livremente, do Oiapoque ao Chuí, do Farol da Barra, aO Farol Paulistano. Soube de tudo isso, porque tive o privilégio de ler um Diário Popular, um Diário da Noite.

Não sei se era um Diário do Pernambuco, um Diário do Rio de Janeiro, um Diário de Porto Alegre, um Diário de São Paulo, ou um Diário Catarinense. Mas, certamente, era um Diário Oficial do Brasil, que não tardou a virar um Diário do Governo. O Nacional, um Jornal do Brasil, para os brasileiros.

O que interessa é que o tal Gutemberg, esse homem de ouro, nem imaginava que das suas mãos sairiam as Folhas que libertariam tantas idéias, que fariam circular tanta riqueza, talvez mais preciosa que o produto da ourivesaria. E, infelizmente, tanta jóia falsa também! Mas, o que importa mesmo é que a Cidade Livre pode, pelas letras, no Jornal de Uberaba, libertar, como Sentinelas da Liberdade, o Chateaubriand que vive em cada um.

Nesse texto, escrito com os títulos dos principais jornais do Brasil, em circulação, ou já extintos, quero esboçar uma breve incursão na história da imprensa em nosso País.

Artigo publicado no Jornal de Uberaba, Coluna Opinião em 09-03-2007www.jornaldeuberba.com.br

Ormezinda Maria Ribeiro- Aya é Doutora em Lingüística e Língua Portuguesa pela Unesp. aya_ribeiro@yahoo.com.br

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